#GentedaLegisla – Entrevista com Leo Cardozo

 

1.    Conte um pouco de quem você é. Seu nome, idade e cidade de onde vem. 

Olá, eu sou o Leonardo Cardozo, ou simplesmente Léo, sou o filho de uma costureira e um soldador, me tornei administrador de empresas e publicitário, trabalho como consultor em estratégia de negócios e comunicação, tenho 37 anos, nasci em Osasco/SP e atualmente moro em São Paulo.

2.    Como ingressou na política? Descreva uma situação que lhe fez querer participar.

Sempre gostei de política, especialmente da época de campanha eleitoral. Comecei a acompanhar as campanhas a partir de 1989 e enxergava os programas eleitorais e debates entre os candidatos como uma espécie de arena de estratégias e, não à toa, quando fui estudar o tema, deparei-me com muitos publicitários comparando campanhas a guerras, em função justamente das estratégias empregadas.

Venho de uma família humilde e quando eu tinha entre 12 e 13 anos senti que deveria fazer algum curso profissionalizante para tentar trabalhar e ajudar em casa. Nesse momento, descobri que haviam cursos gratuitos na Fundação Bradesco em Osasco. Estudei e fui aprovado para participar. Era muito desafiador para uma criança desta idade ter que atravessar por 4 cidades sozinho e de ônibus, entre Itapevi e Osasco. Não havia dinheiro para almoçar, então após as aulas de datilografia e Windows 95, eu parava debaixo do principal pontilhão de Osasco para comer um cachorro-quente antes de voltar até Itapevi e ir direto para a escola regular. Certo dia, enquanto eu comia o hot dog, um senhor que passava por ali se sentou do meu lado e começamos a conversar. Era um homem que aparentava mais de sessenta anos, vestia roupas escuras e falava com sotaque português. Quando comentei que estava estudando e que sonhava em melhorar de vida, lembro que ele me disse: “Mas por que você faz isso? Não deveria se preocupar com isso não… esse país não tem jeito e nunca terá”. Lembro que do alto dos meus 12 anos eu ousei discordar do homem que aparentava mais de sessenta. Eu disse que as coisas poderiam melhorar sim, se fizéssemos diferente e que o país poderia “Ir pra frente”. Ele então fez uma expressão de desdém… falou alguma outra coisa num misto de ironia e tristeza, deu de ombros e saiu. Meu sentimento naquele momento foi um misto de revolta e indignação. Como um senhor aparentemente estrangeiro poderia duvidar da capacidade do meu país? Isto, por mais estranho que pareça, só me motivou a buscar mais sobre política.

3. Qual foi o momento mais marcante para você na política?

O discurso de posse de Lula em 2003. Formou-se um ambiente de muita alegria e esperança. Lembro que a família inteira parou em frente da TV para acompanhar.

4. Como conheceu a Legisla?

Por acaso. Após apresentar meu TCC no meio do ano passado sobre o uso de storytelling na propaganda eleitoral para manipular as pessoas através das redes sociais, meu trabalho com consultoria financeira havia parado por conta da pandemia e resolvi procurar vagas relacionadas ao meu novo curso de graduação. Entre trainees e vagas comuns, certo dia me lembrei que na página do facebook da ECA, às vezes, algumas pessoas compartilhavam vagas de emprego também. Quando entrei na página, o post mais recente era um convite do legisla perguntando sobre quem teria interesse em trabalhar com política, mas que ainda não teve oportunidade de ingressar nesta área. Logo que vi o tema me interessei, afinal eu havia acabado de entregar um trabalho de mais de um ano de pesquisa sobre este tema. Faltavam poucos dias para encerrar as inscrições e foi a única vaga que me candidatei através da página da ECA. Caso tivesse entrado alguns dias antes ou depois, não teria visto este post, pois nos últimos anos não temos tanto o hábito de acompanhar o Facebook da faculdade.

5. 2020 foi um ano bem atípico, com todo o contexto da COVID-19, como vê o papel da política na construção de saídas coletivas desse processo?

Fundamental. A política tem o poder de organizar ou desordenar todo o contexto. Liderar e direcionar a população, independentemente de partido, é a melhor forma de vencer o grande desafio que nossa geração está enfrentando. Em pouco tempo as atitudes tomadas politicamente nesta pandemia frequentarão os livros de história e serão objetos de orgulho ou vergonha para nossa nação. Tenho certeza que daqui a alguns anos, meus filhos perguntarão sobre a atuação política de 2020 ao estudar alguma questão de vestibular.

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