Parlamentares de primeira viagem costumam ficar sob enorme pressão para contratar uma equipe o mais rapidamente possível e, frequentemente, tentam completar seu time nos meses entre o resultado das eleições e a posse na Casa Legislativa. O desafio reside na escolha das pessoas certas e distribuição de tarefas e funções entre o time. Nesta seção, vamos te ajudar a pensar em como estruturar sua equipe com segurança.
Primeiramente, é importante que você conheça quais são as principais funções exercidas por uma equipe de assessoria parlamentar. Em geral, os gabinetes são compostos por 4 áreas:
A Câmara dos Deputados define três atribuições para os cargos de secretário parlamentar. Dentre elas: assessor parlamentar, auxiliar parlamentar e assistente parlamentar. Ainda que cada um desses cargos possua sua própria descrição e especificação, como pode ser consultado aqui, tais atribuições são apenas delimitações gerais, e os gabinetes costumam ter cargos com nomes informais, alocados dentro desses três papéis, que variam de acordo com a metodologia de cada parlamentar, como chefe de gabinete, assessor de imprensa, motorista, etc.
Portanto, para além das funções e atividades do gabinete, é importante sempre alinhar os cargos com os demais cargos formais da Casa Legislativa – cujas descrições e características podem ser encontradas no site da Casa.
Recomendamos que sejam priorizadas, neste início, contratações que garantam as funções básicas do gabinete e que também permitam a remodelação das atividades no decorrer do mandato. Por exemplo: a contratação da pessoa chefe de gabinete, que poderá auxiliar em todas as demais definições.
A seguir, duas dicas que não devem ser ignoradas na seleção de sua equipe de gabinete.
#FicaaDica: desenhe uma equipe que completará você
Um(a) parlamentar eleito(a) é responsável por diversas tarefas, tal como discursar em plenária, propor e discutir projetos de leis… Assim, dentre as várias habilidades que o(a) parlamentar deve possuir, julgamos que é essencial saber no que é bom e no que precisa de ajuda da sua equipe. Ou seja, saber quais são seus pontos fortes e fracos, pois, dessa forma, irá compor uma equipe que o complete.Por exemplo:
#FicaaDica: Selecione profissionais capacitados e alinhados ao mandato.Caso contrate a equipe de trabalho que atuou no período de campanha ou profissionais recrutados em seleções públicas, é importante garantir que:
- Tenham capacidade técnica para exercer sua função;
- Estejam alinhados ideologicamente com as propostas do mandato.
Uma estratégia para encontrar bons profissionais é acessar o Banco de Aceleradores da Legisla Brasil. Este conta com mais de 900 profissionais de todo o Brasil, prontos para atuarem com você no Legislativo. É uma ferramenta gratuita e com indicações de profissionais em até 7 dias. Outra opção interessante é abrir um processo seletivo público.
Por fim, também pode-se pensar como alternativa o uso de recursos de contratação de pessoal para formar um gabinete compartilhado com outros membros de bancada que foram eleitos com você. A ideia, comum na política brasileira desde 2019, foi concebida por três congressistas de primeira viagem, quando criaram um gabinete compartilhado, reconhecendo que parte das competências necessárias eram comum a diferentes gabinetes. Então, conjuntamente, criaram uma estrutura que economiza recursos, soma esforços e também permite a elaboração de estratégias conjuntas para parlamentares. Na prática, cada gabinete possuía uma estrutura particular que exercia algumas atividades; outras, por sua vez, ficavam sob responsabilidade do gabinete compartilhado, fomentando as ações dos três parlamentares. Confira aqui diversos materiais sobre essa inovação legislativa, inclusive um guia sobre como implementar um gabinete compartilhado. #FicaaDica: além de capacidade, seu gabinete deve ser diverso! As Casas Legislativas, enquanto órgãos representativos, têm o papel de representar as demandas e necessidades de diversos setores da sociedade. Sabemos que a quantidade de pessoas brancas nos cargos eletivos é muito superior à de mulheres e homens negros. Essa realidade motiva algumas medidas, ainda incipientes, de cotas e outras ações afirmativas para que os partidos garantam maior proporcionalidade da população negra candidata.
E, para além da diversidade dos próprios cargos eletivos, é fundamental que haja diversidade dentro das equipes dos gabinetes. Um homem negro heterossexual, por exemplo, pode aprender muito caso tenham pessoas em sua equipe mais sensíveis às causas das mulheres, das pautas indígenas, do movimento LGBTQIA+, etc. Ainda que seja importante ter em mente que há diferentes formas de representação – e fazer parte de um grupo minoritário não necessariamente indica que a pessoa deva ou queira trabalhar com pautas identitárias de determinado grupo – uma composição diversa só tem a acrescentar para o gabinete e para o mandato, devendo, por isso, ser priorizada. Importante: quando falamos de diversidade, há diversas formas a serem consideradas, em aspectos como: raça, gênero, orientação sexual, faixa etária, condição socioeconômica, pessoas com deficiência, etc.
Como tornar o seu gabinete mais diverso e inclusivo?
1) DiagnósticoSe você já tem alguns membros na sua equipe, pare para analisar se a composição está inclusiva, diversa e se aproxima-se tanto dos aspectos de diversidade da população, como dos temas que o gabinete considera prioritários. 2) ContrataçãoPriorize candidaturas de pessoas que agreguem em quesito de diversidade ao gabinete. Sabemos que há inúmeras barreiras e fatores estruturais que implicam as desigualdades no mercado de trabalho. Uma medida para combater esse cenário é prestar mais atenção nos processos seletivos, fazendo-os com intenção. 3) Gestão de pessoasNão basta trazer pessoas novas se não há cuidado e estrutura para mantê-las. Por exemplo: não há como contratar uma pessoa cega sem dispor de recursos que a permita desempenhar suas atividades com autonomia. É igualmente necessário preparar seu time para recebê-la, garantindo, assim, que não seja excluída.